“(Des)regular o estudar na Universidade? Elementar, meu caro Watson!” SAE promove Palestra de pesquisador português
O Projeto Saiba Mais, organizado pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), fechou com “chave de ouro” as atividades do 1º Semestre de 2011, na tarde da terça-feira (28), no Ciclo Básico, com a terceira palestra da Série.
O docente Pedro Sales Luís Rosário, da Universidade do Minho, Portugal, concedeu a palestra “(Des)regular o estudar na Universidade? Elementar, meu caro Watson!” aos alunos da Unicamp e convidados.
As palestras anteriores aconteceram em março e maio. No dia 17 de março: "Estou na universidade, e agora? Reflexões sobre ingresso, transição e permanência no ensinosuperior", com a Profa. Dra. Elizabeth Mercuri e Profa. Dra. Soely A. Jorge Polydoro, do Grupo de Pesquisa Psicologia e Educação Superior – Faculdade de Educação da Unicamp; e no dia 19 de maio "Hábitos de vida, qualidade do sono e seus efeitos na aprendizagem e no humor", com a Profa. Dra. Gema Galgani Mesquita Duarte, da Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS, membro do grupo de Pesquisa Avançada de Medicina do Sono do Hospital das Clínicas - USP, as quais seguiram a linha de raciocínio de despertar reflexões sobre a vida acadêmica, oferecendo aos alunos de graduação subsídios para aprimorarem seu processo de aprendizagem na universidade, apresentando, sob a forma de palestras, temas relevantes à sua formação e vivência na educação superior, como por exemplo: autorregulação da aprendizagem, motivação, transição para o ensino superior, gerenciamento pessoal de tempo, estratégias de aprendizagem, desenvolvimento de carreira, dentre outros.
Pedro Sales Luís Rosário é psicólogo formado pela Universidade de Lisboa e doutor em Psicologia, pela Universidade de Minho, Braga, Portugal. Membro do Grupo Universitário de Investigação em Auto-Regulação de Portugal (GUIA), tem vasta experiência em pesquisas e estudos sobre o processo ensino-aprendizagem, em que o foco é a Psicologia da Educação.
O evento foi interativo com os discentes, com perguntas e opiniões sobre as variáveis da regulação da aprendizagem, como planejamento, dedicação e organização do tempo foram postas em discussão. O pesquisador abordou amplamente a questão da motivação como uma das mais importantes para o aluno gerenciar o seu próprio tempo. “Os alunos que organizam melhor o seu tempo de estudos têm melhores resultados”, explica.
O desenvolvimento das competências e habilidades no desenvolvimento cognitivo é um desafio para a universidade e para o estudante, mas a questão fundamental deve partir do sujeito. O aluno que autorregula seus estudos é aquele que ativa os recursos cognitivos e volitivos na sua aprendizagem, planificando, monitorando e demonstrando autocontrole sobre o seu comportamento e aprendizagem.
Rosário afirma: “A motivação tem cumplicidade. Leio mais, quero mais, sei mais, busco mais, tenho controle sobre a situação. Por consequência, estou muito motivado”.
Segundo o pesquisador, a motivação tem diferentes camadas, como uma cebola. A superfície pode ser considerada o interesse, a porta da motivação. Mas ela, em si, está no miolo. Ter o domínio do funcionamento do Curso, saber quais são as condições para investir nas tarefas, comparecer às aulas, fazer as anotações, sanar as dúvidas com professores, saber as datas das provas, como será a prova, qual conteúdo estudar, fazer simulados consigo mesmo e em grupo, enfim, se interar do conjunto de condições acadêmicas ajuda o aluno a se localizar no campo de estudos. Conhecer os pontos fortes, as fragilidades e trabalhar cada um desses pontos reflete amadurecimento acadêmico. O objetivo do aluno deve ser concreto, realista e avaliado periodicamente para saber se está atingindo os resultados esperados.
Rosário destacou a importância de o aluno atualizar os estudos mesmo após a conclusão do Curso. “É importante fazer uma evolução contínua”, diz, referindo-se à participação em eventos de atualização profissional, como congressos e encontros. “Já imaginaram um profissional que pratica somente o que aprendeu há dez anos?”, questiona.
Na linha de trabalho das suas pesquisas, o professor doutor Pedro Rosário escreveu o livro “Cartas de Gervásio ao seu umbigo: comprometer-se com o estudar na universidade” em coautoria com os professores José Núñez e Júlio Pienda, cujo conteúdo foi direcionado aos alunos universitários de primeiro ano. O projeto é considerado uma ferramenta que se firma como alternativa aos manuais de estratégia do estudo convencional. Gervásio, o aluno fictício, escreve cartas ao próprio umbigo, expondo as dúvidas sobre qualquer assunto que o incomoda: a aprendizagem, a adaptação à vida universitária, os métodos que adota para estudar, as dificuldades que encontra no cotidiano. O objetivo é clarear as diversas situações vivenciadas e obter respostas sobre os questionamentos.
Uma das ouvintes presentes no evento, Maisa Barbosa, aluna do 2º Ano do Instituto de Química da Unicamp, saiu satisfeita da palestra. “O método que o autor desenvolve nos ajuda a compreender o processo de estudos. Fiz a primeira oficina da Orientação Educacional, em 2010. Eu não tinha planejamento, não cumpria horários, não estava motivada. A oficina me ensinou a desenvolver horários e tarefas, a buscar pessoas para ajudar – professores – PEDs. Comecei a autorregular as ações para melhor atingir os objetivos. Estou motivada e mais organizada. Hoje faço o planejamento, lido melhor com o tempo e estou calma. Enfim, tenho mais qualidade de vida”. Explica sorrindo, em aprovação ao Projeto Saiba Mais e às oficinas.